Entrevista com Gica Trierweiler Yabu – Redatora da Bullet

Nome: Gica Trierweiler Yabu

Idade: 26

Agência: Bullet

Cargo: Redatora

 

 

1. Como você explicaria a evolução do texto publicitário? Para você qual foi o grande momento desta evolução e por quê?

Essa mutação aconteceu várias vezes. Houve a época em que poetas e artistas faziam chamadas engraçadas, depois todo anúncio vinha com um rodapé e toda um explicativo do produto. Então fomos para a era sintética dos splashes, dos atritubos e chegamos no consumidor. Em algum momento os publicitários perceberam que os produtos viraram comodities e que ganhava quem pudesse “agregar valor”. Esse foi o momento decisivo, onde se abriu uma porta para o diálogo com as pessoas (o que foi acentuado pela explosão dos blogs e redes sociais). Daí para os discursos miguxos de marca foi um pulinho (o que faz você feliz? Sua qualidade de vida em primeiro lugar, etc). Em paralelo, a propaganda non sense fazia e continua fazendo a gente feliz (vai me dizer que você não adora os pôneis malditos?). O que percebo hoje é a predominância dos conceitos de planejamento. Pode parecer racismo, eu sei, mas é verdade. A graça acabou, o que importa é comunicar os atritubos e o posicionamento “único” do produto. Como exemplo cito a campanha de Halls XS que diz: celebre seus pequenos momentos de heroísmo. Chato, né?

2.Atualmente, qual é o panorama da redação publicitária?

Pelo o que tenho visto, os redatores estão precisando abrir espaço para esses posicionamentos malucos. Usando o exemplo de Halls: me fala quem pensa em heroísmo quando chupa bala? Acho que a coisa está tomando rumos estranhos. Pode ser uma opinião isolada, mas prefiro mil vezes algo que vá direto ao ponto como o próprio pônei maldito. Pode ser doido, mas todo mundo entendeu: seu carro precisa de potência, tenha cavalos ao invés de pôneis.

3.Os novos formatos de comunicação, como internet e mobile, alteraram a forma do texto publicitário?

Lógico. Cada plataforma serve para um tipo de mensagem. A Microsoft acabou de fazer um estudo chamado “Meet the Screens” que foi apresentado lá no Festival de Cannes. Lá eles falam que televisão, computador, tablet e celular servem para coisas absurdamente diferentes e que os conteúdos DEVEM ser adaptados. Enquanto a televisão é sinônimo de descontração e relaxamento, o computador ensina e compartilha o que se aprende com os outros, o celular é o que anda sempre com a gente e resolve nossa vida e a tablet é um mago que me traz conveniência e status.

 4.De que forma é utilizado o texto publicitário nos meios digitais? A maneira de persuadir nesses meios difere dos meios mais convencionais?

Muitos anunciantes apenas adapatam anúncios para banners de internet. Isso é uma pena porque em digital seu ponto de partida PRECISA ser a interatividade, a criação coletiva. Pense que você está falando com seu amigos, atualizando seu facebook. Você tem coisas muito mais legais para fazer na internet do que ficar clicando em banners chatos e sites coxinha. Por que não ampliar os pontos de contato com o consumidor e abrir possibilidades de diálogo? É isso que as pessoas esperam das marcas em ambiente digital.

 5. Como você avalia a redação de conteúdo nas mídias sociais?

Acho que temos profissionais muito bons fazendo isso no Brasil. É uma leva de gente jovem, nativa do meio digital, que vem adaptando o que as agências de propaganda criam para os meios offline  na maioria das vezes ou criando novos conceitos quando pertinente.

6. Na sua opinião, como deve ser o processo para chegar no Big Idea?

Essa é a pergunta de um milhão de dólares, né? Aqui na Bullet a gente avalia o contexto social da marca, o comportamento do consumidor, o range de canais que temos para falar com ele, a relação que ele tem com a marca e, a partir daí, surge o insight. Lapidando dali e daqui, temos nossa one shot idea.

7. Como você vê a redação publicitária no futuro? O que será tendência?

Em primeiro lugar, vale dizer que o redator anda em desuso. Me refiro ao redator old school, que chega na agência para fazer títulos de anúncio e filmes para tv. Como as agências têm oferecido cada vez mais soluções integradas aos seus clientes, essa postura multidisciplinar é requerida aos profissionais. O meu caso, por exemplo: sou redatora, fui planejamento, criei um dos primeiros blogs do país. O redator do futuro é assim: ele comunica informações, desejos e loucurinhas ao target na plataforma que for. A redação publicitária do futuro é tudo e qualquer coisa, uma mistura de plataformas e formatos, com discursos para todos os gostos.

 

Peça Criativa:

Welcome Kit – Cliente: BMW Motorrad Brasil

Entrada e espera na visitação ao barco do Arctic Sunrise – Cliente: Greenpeace

Promocional – Cliente: Nokia & Grupo Pão de Açúcar

http://verdevelma.carbonmade.com/projects/2931531

 

Equipe: Jessica Poletto Cabral, Natasha Costa, Neila Leonço, Thais Tulio e Felipe Thiesen (manhã)

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Publicado em novembro 18, 2011, em Redação Publicitária. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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